O dia escurece e eu escureço com o dia. Esta espera de qualquer coisa que talvez não venha hoje, nem amanhã, qualquer coisa que talvez já tenha acontecido e eu não reparei… mas espero, enquanto o dia escurece, espero. Esta inquietação… Sei que é só um dia, ou dois, sei que ontem também esperei e que quando me deitei escrevi sobre isso. Mas não é ninguém nem qualquer outra coisa, é só esta espera vazia de que fujo todos os dias. Todos os dias tento não esperar, tento me entreter, ponho o radio muito alto e nas partes em que a música explode grito também, e no grito sou eu inteiro de braços esticados para o mar e a minha boca é transformada na janela desta prisão que o meu corpo se tornou. Hoje não tomei nada, por isso também não me penteei, nem pus a camisa para dentro, saí à rua a falar alto com as pessoas, é da maneira que elas olham para mim e percebem que estou aqui, forte! O meu vizinho passou por mim, eu enchi o peito e disse bem alto: Boa Tarde!! Não sei bem o que ele respondeu, mas o meu “boa tarde” foi dos melhores e mais normais que já consegui.
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