Quarta-feira, 24 de Outubro de 2007

Primeira Entrada

Algum dia tinha que ser – cá vai a minha primeira intervenção num blog. Nem sei bem como isto funciona, mas depois descubro. Para já, interessa pôr o blog a funcionar. A intenção será partilhar alguns pensamentos que poderão surgir ao longo da Digressão do nosso novo projecto, Tiago Bettencourt e Mantha, que teve início no passado dia 04 de Outubro, no Centro Cultural Olga de Cadaval, em Sintra.
 
Por este ser o encontro de apresentação, deixem-me dizer-vos que os Mantha são o João Lencastre – um baterista pouco usual feito de novas explosões que desconstroem o rock – e o Tiago Maia – baixista e guitarrista comprido, que na sua descrição vai unindo os pontos e costurando os recentes arranjos em banda.
Depois do lançamento do Álbum "O Jardim" no início deste mês, embarcámos, com toda a equipa de estrada, numa nova viagem musical e desta vez, também visual!

O primeiro concerto é sempre o primeiro concerto. Conseguimos a sala para trabalhar na véspera. Havia que garantir que a iluminação e as projecções não se anulavam uma à outra e que tudo ia correr bem. Embora o Ruizinho (que já trabalhava com os Toranja) seja a pessoa em quem mais confio para nunca nos iluminar demais, esta era a primeira vez que trabalhávamos com a Dub Video Connection (responsáveis pelo VJing) e a primeira vez que nos juntavamos todos para fazer um Espectáculo.
Gosto sempre de saber o que se vai passar, gosto de saber com antecedência que quem nos vem ver não vai embora igual. Gosto de oferecer qualquer coisa competente para merecer o lugar que temos.
Isto era tudo muito bonito se a entrega dos projectores não se tivesse atrasado, sendo que acabámos por ir ao auditório só para falar uns com os outros e tocar um bocadinho. É verdade que fizemos som, mas com o Artur David (o nosso técnico de som) por perto, já deixámos de nos preocupar demasiado e nunca seria preciso ir de véspera ver se estava tudo bem.

É bom rodearmo-nos de pessoas competentes, que nos transmitem segurança para quando chegar a altura  pensarmos apenas em sermos levados pelo ar. É bom trabalharmos com pessoas que já nos conhecem e grande parte desta equipa tem historia com os Toranja.

Resumindo: o primeiro concerto da Digressão seria também o concerto experiência deste novo conceito visual que nos vai acompanhar na estrada. Estive duas ou três semanas antes com o João Carrilho da Dub a escolher imagens para as musicas, mas para que tudo ficasse perfeito seria preciso saber o que "Tiago Bettencourt e Mantha" são ao vivo, e isso, ainda ninguém sabia… Nem eu!
 
Dia 04 às 14 horas estávamos de volta ao Centro Cultural Olga de Cadaval. A sala tem uma acústica inspiradora e apetece saber como fica cheia de gente. Passámos o dia a dar entrevistas para rádios e televisões. Parecia haver uma certa expectativa em relação ao que se ia passar à noite. No meio disto fizemos som e ensaiámos o que achámos.
 
A sala continuava escura e o Ruizinho ia programando as luzes para o concerto.
Quando saimos para jantar o Sol ainda iluminava levemente Sintra. Estivemos a tarde toda dentro da auditório sem ter contacto com o dia.
Nunca se espera grande coisa dos concertos de apresentação. O primeiro concerto é sempre o primeiro concerto e sendo este um novo principio, ninguém conhece o que vamos tocar.
...em Julho e Agosto apresentámos dois Espectáculos que correram bastante bem, mas nessa altura o Pedro Gonçalves dos Dead Combo (que gravou o disco) tocou baixo e esta era, então, a grande estreia do Tiago Maia com os Mantha. Ele parecia estar bastante calmo como sempre. Aliás, todos estávamos bastante calmos. Acho que sabemos que temos coisas novas e luminosas para mostrar e isso dá-nos uma calma consciência da inevitabilidade das coisas.
Preparámos quatro versões dos Toranja. Pensei que seria muito arrogante da minha parte não o fazer e foi entusiasmante ver os caminhos diferentes para onde as musicas caminham, dependendo das pessoas que estão na sala a tocar.
O concerto ia começar com um poema que musiquei há pouco tempo, um fado do grande Alfredo Marceneiro chamado "O Lenço". Ouvi-o pela primeira vez num concerto do Camané e apaixonei-me pela honestidade do tom ofendido da letra: "O lenço que me ofertaste tinha um coração no meio. Quando ao nosso amor faltaste fui-me ao lenço e rasguei-o".
Não me lembro bem do concerto... acontece-me de vez em quando. Ao longo dos anos, à medida que fui dando mais concertos, fui aprendendo a entrar num estado qualquer que me faz sair do palco como se tivesse acabado de acordar de uma viagem (um dia aprofundo este assunto, até porque tenho de arranjar mais coisas para escrever neste blog). Foi bom ver o João e o Maia também meio zonzos à saida. Só percebemos que o concerto tinha corrido bem quando chegámos lá fora e ouvimos as várias opiniões: elogios à iluminação, às projecções, às musicas e à força do tudo junto. Fiquei com uma vontade gigante de ter visto o Espectáculo de fora – sim, porque não sei se já pensaram nisto, mas nós estamos sempre de costas para o que se está a passar.
 
O publico esteve sempre muito atento – penso que não estavam à espera do que ali se passou e isso é altamente gratificante para nós.
Dá-se, para de vez em quando receber.
Muito obrigado a quem lá esteve!

Acho que, no dia do Espectáculo estávamos mais curiosos que o próprio publico. Este é um projecto que conta com musicos que fazem da intuição a principal arma e quando assim é, nunca os Espectáculos vão ser o espelho dos ensaios. Nunca vamos saber exactamente o que se vai passar ou que cores vamos fazer, o que pode dar para o bom e para o mau. Por ser o principio, sabemos os três que ainda temos muito para descobrir sobre o que somos juntos em palco, como nos usarmos uns aos outros, como utilizar o publico, o espaço e tudo o resto que não se vê nem toca. O que temos para dar não tem a ver com a parte material do mundo e por isso só existe quando acontece. Espero que estejamos a fazer qualquer coisa de diferente, que venha quebrar com toda uma corrente de musica já feita, que se repete, mas vende.
Queremos mostrar isto a mais gente, queremos mais gente para passar neste Jardim e sentir os espaços e os cheiros.
Queremos que quem gostar, fique.
 
Olá. O meu nome é Tiago Bettencourt e a partir de hoje, sou um "blogueiro".

Qualquer questão... façam o favor.


Abraços!

publicado por Tiago Bettencourt às 22:10
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