Estão todos às voltas na minha cabeça como vozes difusas a pedir espaço, a pedir prioridade. Cordas sopros coros teclas… sons por todo o lado, mil caminhos, escolher só um, limpar limpar limpar, chegar ao principio outra vez. Cortar partes, letras, excessos, coisas a mais. Deixar partes, letras, excessos, domar as coisas a mais.
O “conceito” e a “verdade” caminhando juntos, nunca se sobrepondo, nunca se anulando.
A leveza que se quer é tão fácil com tão pouco….mas há que redescobrir cada passo.
O que está feito passou. não quero repetir. Não é altura de repetir, ainda.
Sei das formulas e uso-as também, mas desdobradas, desordenadas, ambiciosas.
Não é necessário berrar para ser grande, não é preciso inventarmos personagens exuberantes para sermos diferentes
(Alguém sabe disto em Portugal? sim… é outro assunto…).
Preciso só de silêncio, honestidade e humor para começar.
Preciso de alguém solto para ver de fora.
Preciso que o meu corpo como filtro se comova com o caminho certo.
Gravar um álbum está a tornar-se nesta altura uma experiência um tanto ou quanto inquietante. Entre a genialidade e a mediocridade anda a inspiração. Entre a genialidade e a mediocridade há um espaço muito pequeno. Esta duvida constante faz obviamente parte do processo criativo e se o lado comercial não se puser ao barulho, é completamente indiferente no percurso. A ideia é mais ou menos essa. Ignorar a parte racional do que é, afinal, gravar mais um disco de originais.
Já todos fomos mais inocentes, mas também mais fracos. Nesta altura são claros os nervos que queremos estimular, em nós, e em quem nos ouve.
Aquilo que nos toca, que nos acorda.
Está a nascer um novo disco. Está na minha cabeça em peças separadas. A melhor parte de ir para estúdio, e isto fui aprendendo com a experiência, é a desconstrução das ideias concretas que depois de dois ou três meses de ensaios achamos inabaláveis. Em poucos minutos o rumo de tudo pode mudar.
Sei que o álbum não vai ser o retrato que tenho, porque se tudo correr bem, vai ser melhor.
A equipa de produção é a mesma.
Começamos a gravar dia 19.
Nesta noite onde a serenidade se esconde por de trás dos móveis e a inquietação dança por toda a casa, as duas nesta noite, a trocarem no meu corpo de segundo a segundo. As duas ausentes, invisíveis e perfurantes. Pontuais altivas penetrantes. O mistério que me arranca do sitio, à conquista de qualquer coisa que já devia ter mas que não chega.
Tudo se repete:
A manhã perfeita de magia e impossíveis cumplicidades todas a formarem uma enorme espera de sabão quase tão real… O percurso a crescer até chorar de emoção descontrolada, as razões, as motivações, tudo verdade, tudo. verdade. Não existe ninguém melhor que nós, não existe ninguém melhor que eu que nem existo até ser noite devagar.
Agora que acordei, parece tudo tão ridículo.
Agora que adormeço, tudo é tão maior que o universo inteiro em coro.
Agora que acordei, não há ninguém melhor que eu e é tudo tão efémero como chuva de verão, aquela que deixa o ar limpo.
Agora que acordo não amo, não sinto, desprezo e desdigo, deixo para trás quem já não sabe ler os sinais acordados. Desprendo, ignoro, sigo já o rumo à frente, sereno.
Sabemos as razões, sabemos as verdades e as mil mentiras, mas não resistimos às duvidas como portas entreabertas. A parte fraca não fecha portas sozinha.
A parte forte gosta de espreitar…
Hoje que adormeço, tão cansado… nesta passagem infinitamente entreaberta, sobre o teu olhar solto, inquieto, longe, inerte, à espreita… se não me lês, se não me ouves,
não existo.
. QUANDO ME PEDIRAM UM VIDE...
. ...
. "TIAGO NA TOCA e os poeta...
. silêncio
. NOVO ALBUM já em Pré-vend...