Há este vazio gigante nas pessoas, cada vez mais, cada vez mais se vê à vista desarmada, um vazio gigante, interior, dentro de toda a gente, dentro de quase toda a gente. Não é da crise, não é do tempo, não é do principio do ano... é tudo junto, é o mundo inteiro a ser demais, a ser demasiado falso para a nossa fraqueza, para a parte humana de nós. Por maior que toda a maldade humana natural seja, esta mentira em massa em que nos enterramos é demais para nós, todo este egoísmo pesa-nos, perde-nos, corrói-nos. Como um mundo expele a própria matéria, estamos fartos de nós, dos truques e meias verdades, da ignorância, da preguiça, da ganância, dos trabalhos, das carreiras, de tentar mostrar que somos qualquer coisa, de haver problema de não ser nada, ainda, de não haver paz, nunca haver paz, do dinheiro, de nos esquecermos do nosso principio, antes de nós, antes desta selva, antes deste lixo que nos rodeia, todos estes aparelhos e construções, destas roupas e protecções, que já existimos fora deste mundo, ou desta guerra de dois mundos, o interior e o exterior em que o exterior está claramente a ganhar e a rir-se nas nossas caras desesperadas... não nos lembramos que não precisávamos realmente de muito para efectivamente nos sentirmos felizes...
Eu esperei
mas o dia não se fez melhor
e o sujo não se quis limpar,
inventou mais flores em meu redor
como se eu não fosse olhar!
Enfeitou as ruas para cobrir
terra seca de não semear
deram-me água turva a beber
dizem cura e força e solução
como se eu não fosse olhar!
Eu esperei
mas o fumo não saiu da estrada
Arde o sonho em troca de nada
Dizem festa, mas é solidão
como se eu não fosse olhar!
A mentira não se fez verdade
e a justiça não se fez mulher
A revolta não se fez vontade
Braços novos sem educação
sangue velho chora de saudade!
Eu esperei
dizem luta mas não há destino
dão-me luzes mas não é caminho
dizem corre mas não é batalha
como quem não quer mudar!
Esta corda não nos sai das mãos
esta lama não nos sai do chão
esta venda não deixa alcançar.
cantam “armas” mas não é amor
mão no peito mas não é amar
fato justo mas sem lealdade
cavaleiro mas já sem moral
braços sujos que se vão esconder
braços fracos não são de lutar
braços baixos não se querem ver
como se eu não fosse olhar!
Eu esperei
pelo tempo transparente em nós
pelo fruto puro de escolher
pela força feita de alegria
mas o povo dorme na ilusão!
e a tristeza é forma de sinal
Liberdade pode ser prisão...
Meu Deus, livra-nos do mal
e acorda Portugal...
De eu só a 28 de Fevereiro de 2011
Não me alegra ver-te ou ler-te em concomitância comigo e com o que sinto...não me alegra nem me aquieta sentir que há mais gente igual ou com as mesmas reticências que eu...Só me aquieta e desembaraça o facto de que há mais gente que pensa...e sente!Como tu e eu.Obrigada
De
carina a 2 de Março de 2011
E de cada vez que venho aqui, as Palavras dizem-me tanto... parece que é mesmo assim! :)
De Tatiana dos Santos a 7 de Março de 2011
Diz-me:
onde posso encontrar este teu: eu esperei? Num próximo album??
De Dina a 12 de Março de 2011
Parabéns Tiago!
A sociedade precisa...
Lembrou-me o:
ACORDAI (música: Fernando Lopes-Graça; letra: José Gomes Ferreira)
Acordai
acordai
homens que dormis
a embalar a dor
dos silêncios vis
vinde no clamor
das almas viris
arrancar a flor
que dorme na raíz
Acordai
acordai
raios e tufões
que dormis no ar
e nas multidões
vinde incendiar
de astros e canções
as pedras do mar
o mundo e os corações
Acordai
acendei
de almas e de sóis
este mar sem cais
nem luz de faróis
e acordai depois
das lutas finais
os nossos heróis
que dormem nos covais
Acordai!
De Ana Frate Bolliger a 5 de Abril de 2011
Olá Tiago... veja, sou brasileira, estou fazendo intercâmbio na França e vim pra Portugal por uma semana. E sabe, sua música pra mim é tão natural, faz tanto sentido, que pra mim parece estranho vir pra sua terra e não te encontrar. Tá bom que você tem mais o que fazer da sua vida, mas se tiver em Lisboa até dia 7 ou em Porto até dia 11, sem fazer nada e quiser tomar uma cerveja e bater um papo, mande um e-mail (anafrate@gmail.com).
Um beijo
De Cláudia a 3 de Junho de 2011
Olá Tiago, só queria dizer que és uma inspiração para mim, sinto orgulho em ter compatriotas como tu. Tenho saudades de novas musicas, mas sempre que ouço as mais antigas descubro aspectos novos, por isso é sempre bom.
Obrigada a ti e aqueles que trabalham contigo por criarem tamanha obra de arte.
De Alice da Cunha a 29 de Julho de 2011
Obrigada Tiago, deste voz a um sentimento de impotência que há muito sinto.
De Anónimo a 21 de Agosto de 2011
Querido Thiago! digas me, o que faltas pra vires pra o Brasil? por um acaso (apesar de não acreditar em acaso..) estava assistindo a TV de Portugal e passava teu DVD...pronto. Simplesmente me encantei com tudo: com tua poesia, com os arranjos,com o timbre da tua voz...perfeito! Há anos não escuto uma boa música (quando digo isso me refiro a totalidade, letra, sonoridade, conjunto...) voce toca na alma... meu muito obrigado por compartilhar teu talento. Desejo muita boa sorte e sabedoria para que possas, na tua estrada, ainda fazer muita música.
Sei reconhecer uma boa musica ao longe e acredites: tens publico por aqui....amplie teus horizontes, serás pioneiro e bem vindo... VENHAS PARA O BRASIL
By the way..comprei teus CDs...senti me na obrigação de importar...custou me 4 vezes mais, com postagem e impostos...mas valeu cada centavo!
Abraços: Aline Machado
De Tânia a 16 de Setembro de 2011
É bom reler os teus textos no blog, assim como ouvir as tuas músicas vezes sem conta.... Podes ser um poeta, um músico, um cantor e uma infinidade de talentos mas antes de tudo, és atento do que é essencial. Fazes falta onde nunca estiveste. Mas obrigada por tocares o mundo desta forma, tocante, Tiago.
De Sofia Granja a 3 de Janeiro de 2012
Queria TANTO este álbum mas não encontro em lado nenhum!
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