Ainda que, de certa forma, não em grande forma, acordei em Guimarães preparado para mais um dia de concerto.
Tínhamos chegado de Aveiro no dia anterior. Tive pena de não ter podido passear mais pela historia da cidade, mas tinha que ser competente e zelar pela minha saúde.
Mesmo assim, na noite anterior, ainda fui ouvir um jazz no bar perto do hotel.
O nosso Espectáculo era num antigo cinema, recuperado, fruto de uma iniciativa privada.
O palco era muito alto e se me aproximasse demais da extremidade, podia partir uma perna…
No ensaio de som percebemos que a acústica era tramada para quem estava em cima de palco... nesta profissão estamos habituados a viver com o perigo.
Jantámos num bom restaurante onde já tínhamos almoçado e jantado no dia anterior (não somos muito originais).
(É difícil estes textos do blog não ficarem todos meio repetitivos mas a verdade é que o ritual é sempre o mesmo. Chegar, ensaio de som, jantar, concerto, cool down, dormir.)
Durante o concerto e porque o som estava mesmo estranho em cima de palco, não tive a noção de que estava a correr tão bem. Só lá mais para o fim é que comecei a ver que o publico estava mesmo contente.
Tocámos tudo o que temos para tocar, incluindo a “Musica de Filme”: Esta musica foi feita num só dia e é das minhas musicas e letras preferidas. É boa de se cantar e o João e o Maia arranjaram a maneira perfeita de a acompanhar. É sempre diferente mas resulta, o que faz com que não possamos ensaiá-la vezes demais. Esta canção é para fluir no organismo enquanto se toca, como quem plana por cima de um rio e lhe segue o percurso feito de inconstância.
Que publico positivo, o de Guimarães! Pediram encores a mais e porque não tínhamos mais repertório ensaiado tivemos que repetir o “Labirinto”!
Depois do concerto ainda fui beber um chá ao Café Concerto do S. Mamede – isto porque aquele tal vírus ainda não tinha acabado de me atormentar.
Dormi cedo.
O hotel era muito bom, com quartos daqueles que nos descansam só de entrar.
Gosto de quartos de hotel porque estão sempre arrumados. E também porque têm canetas (fazem sempre falta) e por vezes um chocolatinho.
Todas as divisões da minha casa são a extensão do meu quarto – roupa por todo o lado que não tenho paciência para arrumar, papeis, sacos, copos, lixo, lixo, lixo (sim estou a exagerar).
Nos hotéis isso não acontece. Há sempre a calma da arrumação por todo o lado. Aquele silêncio muito privado quando se fecha a porta. A casa de banho a brilhar cheia de produtos de higiene embrulhados. A cama com lençóis passados a ferro, geometricamente colocados e a cantar baixinho. Até deixo os sapatos alinhados quando me vou deitar.
Obrigado ao publico de Guimarães! Fiquei quase curado!.
Tiago

Maia e Ruisinho na carrinha a recusar o dialogo.